CAMONIANA 2.03

Klee
Angelus Novus

  • Repousa tu nos Ceos eternamente
    Pois mereces descanso destas penas.
    Que tão sofrida dor sentias apenas
    A de teu corpo, que tinhas dolente.
  • Tens a alma em paraíso docemente
    Do sofrer descansando, tu serenas
    A lembrar de memória alegrias plenas,
    Em que éramos tu e eu a mesma gente.
  • Eu te sofro alegria de ter perdido,
    Tenho agora do inferno nesta vida.
    Resta rogar a Deus mais um pedido:
  • Possa-m'Ele apressar minha partida,
    Dando à vida inovado esse sentido,
    Que seja o d'encontrar morto a saída.
  • Belo Horizonte, 6 de setembro de 1996.

Camonianas
"Quatro sonetos de Luís de Camões dão origem a 56 composições em que o poeta Públio Athayde desenvolve sugestões de cada um dos versos da significativa tetralogia. Tomado como primeira frase dos novos poemas, o verso do grande luso é o mote que conduz o desempenho do sonetista ouro-pretano no virtuosismo de uma delicada, difícil e audaciosa operação."
O soneto acima e toda a série Camonianas estão no livro; para adquirir, clique no link ou no livro. Sugestão de presente!

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Todo autor precisa de um parceiro, seu revisor de textos.

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Uma celebração camoniana

Ângelo Oswaldo


Quatro sonetos de Luís de Camões dão origem a 56 composições em que o poeta Públio Athayde desenvolve sugestões de cada um dos versos da significativa tetralogia.
Tomado como primeira frase dos novos poemas, o verso do grande luso é o mote que conduz o desempenho do sonetista ouro-pretano no virtuosismo de uma delicada, difícil e audaciosa operação.
Com domínio das artes poéticas e conhecimento atilado do estilo, vocabulário e gramática da era quinhentista, Públio Athayde celebra a admiração pela herança maior da poesia de língua portuguesa ao desdobrar, verso a verso, a emoção e o engenho do vate.
Como num jogo de espelhos em galeria de ecos, as estrofes redimensionam o encantamento do verso camoniano, auscultando-lhe a sonoridade e mergulhando em sua paixão.
"Agoas claras que das fontes vem", os sonetos escritos entre 1996 e 1998 revelam a erudição notável e a fina sensibilidade do autor.
Ao evocar "despojos doces do meu bem passado", ele restabelece o culto do amor tal como ensinado pelo sacerdote supremo da alma gentil.
Oferece-nos uma realização admirável, que rende merecida e necessária homenagem a Camões, na aurora do quinto centenário da transplantação da língua portuguesa para as terras luminosas de Pindorama.