CAMONIANA 4.13

  • Um não sei quê, que nasce não sei donde,
    Cresce não sei porquê, mas sei que é posto
    Por maldade no mundo, traz desgosto,
    Surge cedo, de manso, não se esconde.
  • Este quê não sei, vindo desta fronde,
    Aproxima de fasto e mostra o rosto
    Que assi o tem, com'alma, descomposto,
    Se tem nome, chamado não responde.
  • Sabe-se do quê já foi muito visto,
    Mas não sabe o destino que pretende,
    Exceto que, sem bem, nos vem per males.
  • Vai radicar maligno como quisto
    Que combater a todo custo tem-de
    Quem não se perder nestes fundos vales.
  • Belo Horizonte, 02 de junho de 1997.

Camonianas
"Quatro sonetos de Luís de Camões dão origem a 56 composições em que o poeta Públio Athayde desenvolve sugestões de cada um dos versos da significativa tetralogia. Tomado como primeira frase dos novos poemas, o verso do grande luso é o mote que conduz o desempenho do sonetista ouro-pretano no virtuosismo de uma delicada, difícil e audaciosa operação."
O soneto acima e toda a série Camonianas estão no livro; para adquirir, clique no link ou no livro. Sugestão de presente!

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Uma celebração camoniana

Ângelo Oswaldo


Quatro sonetos de Luís de Camões dão origem a 56 composições em que o poeta Públio Athayde desenvolve sugestões de cada um dos versos da significativa tetralogia.
Tomado como primeira frase dos novos poemas, o verso do grande luso é o mote que conduz o desempenho do sonetista ouro-pretano no virtuosismo de uma delicada, difícil e audaciosa operação.
Com domínio das artes poéticas e conhecimento atilado do estilo, vocabulário e gramática da era quinhentista, Públio Athayde celebra a admiração pela herança maior da poesia de língua portuguesa ao desdobrar, verso a verso, a emoção e o engenho do vate.
Como num jogo de espelhos em galeria de ecos, as estrofes redimensionam o encantamento do verso camoniano, auscultando-lhe a sonoridade e mergulhando em sua paixão.
"Agoas claras que das fontes vem", os sonetos escritos entre 1996 e 1998 revelam a erudição notável e a fina sensibilidade do autor.
Ao evocar "despojos doces do meu bem passado", ele restabelece o culto do amor tal como ensinado pelo sacerdote supremo da alma gentil.
Oferece-nos uma realização admirável, que rende merecida e necessária homenagem a Camões, na aurora do quinto centenário da transplantação da língua portuguesa para as terras luminosas de Pindorama.