Amor, com a esperança já perdida
Pelo que sofro falta pouco eu morra;
Não te tendo não há quem me socorra
Nem motivo que dê sustento à vida.Amor, sem ilusão que dê guarida,
Sou escravo da sorte na masmorra,
Pois sem ti, nem tenho minh'alma forra
Minha vida é uma extinta jazida.Amor, eu te preciso do meu lado,
Acompanhando meu corpo e minh'alma,
Sustentando meu destino e sua sina.Amor, serás sempre meu mais cantado,
Como aquele que minha sede acalma,
Meu veio inesgotável desta mina.Belo Horizonte, 12 de setembro de 1996.
Quatro sonetos de Luís de Camões dão origem a 56 composições em que o poeta Públio Athayde desenvolve sugestões de cada um dos versos da significativa tetralogia.
CAMONIANA 3.01
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Uma celebração camoniana
Ângelo Oswaldo
Quatro sonetos de Luís de Camões dão origem a 56 composições em que o poeta Públio Athayde desenvolve sugestões de cada um dos versos da significativa tetralogia.
Tomado como primeira frase dos novos poemas, o verso do grande luso é o mote que conduz o desempenho do sonetista ouro-pretano no virtuosismo de uma delicada, difícil e audaciosa operação.
Com domínio das artes poéticas e conhecimento atilado do estilo, vocabulário e gramática da era quinhentista, Públio Athayde celebra a admiração pela herança maior da poesia de língua portuguesa ao desdobrar, verso a verso, a emoção e o engenho do vate.
Como num jogo de espelhos em galeria de ecos, as estrofes redimensionam o encantamento do verso camoniano, auscultando-lhe a sonoridade e mergulhando em sua paixão.
"Agoas claras que das fontes vem", os sonetos escritos entre 1996 e 1998 revelam a erudição notável e a fina sensibilidade do autor.
Ao evocar "despojos doces do meu bem passado", ele restabelece o culto do amor tal como ensinado pelo sacerdote supremo da alma gentil.
Oferece-nos uma realização admirável, que rende merecida e necessária homenagem a Camões, na aurora do quinto centenário da transplantação da língua portuguesa para as terras luminosas de Pindorama.
Nenhum comentário:
Postar um comentário